Tomei conhecimento desse passo estratégico na discussão sobre a transição energética ao entrevistar o presidente do LIDE Paraíba, Gabriel Galvão. Segundo ele, a Paraíba tem grande potencial para o desenvolvimento de energias limpas, especialmente a solar.
“O Nordeste vive um momento promissor, impulsionado pela exploração da margem equatorial, que pode atrair novos investimentos e fortalecer a economia local e nesse contexto, faremos reuniões mensais para debater desafios e oportunidades do setor, buscando aproximar o empresariado das políticas públicas e fomentar um ambiente favorável para investimentos sustentáveis”, acrescentou.
Desafios diante de momento promissor
A Comissão terá um papel estratégico na identificação de entraves e busca de soluções para o setor. Um dos principais desafios apontados é a insuficiência das linhas de transmissão, que limita a expansão da geração de energia renovável. O objetivo é promover um diálogo contínuo entre o setor produtivo e o poder público para destravar esses obstáculos.
Em nível de governo estadual
Paralelamente, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente da Paraíba, liderada por Rafaela Camaraense, está conduzindo estudos para ampliar a infraestrutura de transmissão de energia limpa. A crise gerada pelas limitações do Sistema Energético Nacional tem impactado o Nordeste, impedindo o escoamento da eletricidade produzida e aumentando o risco de apagões no Sudeste.
Ela acrescentou que o governador João Azevedo tem mantido diálogo com o governo federal e participou de reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reforçar a necessidade de investimentos na infraestrutura de transmissão. O Consórcio Nordeste também cobra soluções estruturais para destravar o setor e garantir que a energia limpa gerada na região chegue aos centros consumidores do país.
Usinas paralisadas em Santa Luzia
Um exemplo do grave problema é o Complexo de Energia Solar de Santa Luzia, da Rio Alto Energias Renováveis, que recebeu um investimento de R$ 1,2 bilhão e que apesar do potencial do empreendimento, sua geração foi drasticamente reduzida devido às restrições na transmissão, chegando a registrar produção mínima de 0 MWh em determinados momentos até paralisar usinas.
O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) amplie a transparência nos custos de transmissão e modernize o sistema nacional. Tecnologias como armazenamento de energia, FACTS e HVDC-VSC podem minimizar restrições e permitir maior estabilidade no setor.
Colhi essas declarações durante encontro promovido pelo LIDE Paraíba, que contou com a presença do ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, referência nacional no tema, que reforçou a importância do debate para o Nordeste e impulsionou novas discussões sobre o papel da região no cenário energético nacional.