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Pâncreas artificial oferece controle preciso do diabetes, mas alto custo afasta maioria dos pacientes

Pâncreas artificial oferece controle preciso do diabetes, mas alto custo afasta maioria dos pacientes

Uma inovação tecnológica tem mudado a vida de pessoas com diabetes tipo 1: o chamado pâncreas artificial. O aparelho, que lembra visualmente um tocador de áudio antigo, combina bomba de insulina e sensor de glicose, monitorando e regulando os níveis de açúcar no sangue de forma quase automática. A cada cinco minutos, o sensor envia informações para o dispositivo, que calcula e aplica microdoses de insulina conforme a necessidade do corpo, simulando o funcionamento do órgão que dá nome ao sistema.

Além de manter os níveis de glicemia dentro da meta, o dispositivo reduz drasticamente o número de picadas diárias necessárias para medir a glicose e aplicar insulina, rotina exaustiva para quem convive com o diabetes tipo 1. Quando a taxa de açúcar sobe, a bomba injeta mais insulina; quando cai, reduz o fluxo. O sistema também prepara o organismo para as refeições, desde que o usuário informe antecipadamente a ingestão de carboidratos. Por isso, os especialistas o classificam como um “sistema híbrido de suspensão”, ainda distante de um pâncreas completamente autônomo.

Custo elevado afasta a maioria dos pacientes

O único modelo disponível no Brasil custa em torno de R$ 20 mil, e os insumos mensais chegam a R$ 3 mil. Desde 2023, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça obriga os planos de saúde a cobrir o fornecimento do equipamento para pacientes com indicação médica. Já quem depende do SUS enfrenta dificuldades, já que o aparelho não está incluído na lista de tecnologias incorporadas pelo sistema público.

Em São Paulo, algumas alternativas são possíveis por meio de centros especializados como o Ambulatório de Bomba de Insulina da Unifesp, que atende crianças e pacientes com crises frequentes de hipoglicemia. O ambulatório mantém convênio com a Secretaria de Estado da Saúde e já acompanha 258 pacientes com bomba de insulina, dos quais cerca de 60 usam o pâncreas artificial. A coordenadora Mônica Gabbay destaca que a meta é reduzir o impacto da rotina exaustiva do diabetes: “É uma busca para que o paciente tenha menos encargo no dia a dia, porque a rotina de quem tem diabetes é 24 por 7”.

Outra alternativa é o sistema OpenAPS, de código aberto, criado por usuários nos Estados Unidos. Com ele, pessoas com conhecimento técnico transformam bombas de insulina antigas para receber comandos de um celular. Assim como o modelo comercial, o sistema mede a glicemia com um sensor, interpreta os dados e aciona a bomba automaticamente. Estudos apontam bons resultados: pacientes usuários do OpenAPS passam, em média, três horas a mais por dia com a glicemia dentro da faixa ideal, sem registro de eventos graves de hipoglicemia.

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