Antes de completados 4 meses da privatização da Sabesp, a maior cidade da América Latina SP e outras das várias regiões do estado de São Paulo, grandes consumidores de água, como hospitais, indústrias, hotéis e shoppings já vão viver prejuízos, como o anunciado encerramento unilateral dos contratos com descontos na tarifa a partir de 2025.
A medida atingirá em cheio que os consumidores que dependem de grandes volumes de água e se beneficiavam dos contratos de demanda firme, que ofereciam valores reduzidos para clientes com consumo acima de 100 m3/mês e a partir do fim dos contratos, as tarifas serão ajustadas para os valores padrão de cada classe de consumo, aumentando em até 200% o custo para alguns clientes, o que poderá, a médio prazo, levar essas empresas à mudança para local onde haja tarifa comercial para grandes consumidores que seja mais justa ou buscar outras soluções técnicas que reduzam o consumo da água.
Beco sem saída
A Coca-Cola, por exemplo, que usa água como um dos insumos principais de seus produtos e tem implementado diversas iniciativas para reduzir seu consumo de água, como reutilização de água em processos industriais, implementação de tecnologias de eficiência hídrica e parcerias com organizações locais para promover a conservação de água deve repassar nos preços esse custo.
Ah, e se partir para soluções alternativas, como poço tubular? pagará conta de esgoto de 100% do valor da conta d’água. E a médio prazo pode se mudar para local onde haja tarifa comercial para grandes consumidores que seja mais justa.
O consumo de água necessário para produzir produtos da Coca-Cola pode variar dependendo do tipo de produto, do processo de fabricação e da localização da fábrica, segundo dados disponíveis no Relatório de Sustentabilidade da empresa de 2020 e site oficial: “Água”. Chegam a 2 litros de água potável para 1 l de refrigerante ou 4 l de água par 1 litro de suco. É significativo.
Pequenos consumidores
Muitos desses municípios que não conhecem, passarão conhecer o real significado de” subsídio cruzado”, que é o uso de recursos de cidades maiores para financiar o saneamento de cidades menores, deficitárias na relação receita/despesa, isto é, arrecadam menos e que agora vão perder receita, por não ser esta a política da empresa do segmento de energia elétrica Equatorial (EQTL3) vencedora do processo de privatização ou “Nova” Sabesp, que abocanhou 15% da companhia tem como prioridade o lucro.
Pouco menos de 300 municípios do interior Paulista (e esta realidade é comum em todos os estados brasileiros) geram prejuízo. Uma saída é aumentar severamente a tarifa, duplicar ou mais? E o consumidor que se vire porque está provado que a nova concessionária estadual visa lucro.
Municípios têm titularidade do saneamento básico
E o leitor pode dizer: O município não precisa renovar seu contrato de concessão com a Sabesp. Para a empresa, nada melhor porque seu lucro ficará em seus cofres. Para tanto o município tem de pagar a Sabesp os investimentos feitos (altíssimo e impagável), o que inviabiliza sua ação (do município) enquanto detentor da titularidade do saneamento básico que tem raiz constitucional.
Qual a saída que esses municípios adotarão?