Foi a reflexão suscitada pelo presidente do CAU/PB, Ricardo Vidal, quando instado por mim a se posicionar sobre um novo sistema viário para um dos bairros mais nobres da Capital da Paraíba, que prevê viaduto com uma ou mais faixas e trecho estaiado, noticiado com exclusividade neste blog. O experiente arquiteto e urbanista, com projetos premiados pelo Instituto de Arquitetos do Brasil e professor universitário, foi didático em sua fundamentação.
Ele reconheceu a necessidade de solução para o problema intenso de tráfego/gargalo/acesso, decorrente de decisão de governos anteriores de 15, 20 anos atrás, com mudanças de legislação que geraram o aumento de adensamento populacional em grande parte do Altiplano.
Mobilidade urbana em paralelo
“Hoje vemos que era necessária uma estrutura mais adequada para a população que tem nos dias de hoje e que tende a aumentar ainda mais diante da aprovação no ano passado pela Câmara Municipal de João Pessoa, do aumento do índice de aproveitamento dos terrenos, ou seja, haverá um adensamento populacional ainda maior na cidade e se não houver um planejamento em paralelo com a mobilidade urbana, nós viveremos numa cidade muito problemática quanto a questão de transporte e deslocamento”, afirmou.
Ricardo destacou que a questão da capital e de qualquer cidade do Brasil passa pela mobilidade urbana, que não se trata só fazer rua para carro, é muito mais complexo porque envolve, por exemplo, outros modais de transporte como ciclismo, pedestrianismo, ônibus e BRT’s, que se conectem.
Olhar para a floresta, não só para a árvore
“Estudos em mobilidade urbana revelam que quanto mais vias são executadas, alargadas, quanto mais espaços forem dados para o carro, mais ele vai ocupar, é questão de tempo para que congestione novamente”, vaticinou.
E concluiu, lembrando que outras alternativas devem ser feitas com urgência quanto à mudança do aproveitamento. Nesse sentido, deixou um alerta para a atual e para a futura legislatura da Câmara de Vereadores, bem como aos candidatos: “Abracem a causa do planejamento urbano, não se planeja uma cidade olhando para uma pequena necessidade pontual, há que se olhar para a cidade como um todo para solucionar ou evitar futuros problemas”.