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“Nosso principal objetivo é preservar a coerência de Ariano e levar adiante sua chama imortal, que nos inspira, impulsiona e encanta”

“Nosso principal objetivo é preservar a coerência de Ariano e levar adiante sua chama imortal, que nos inspira, impulsiona e encanta”

Confira a entrevista de João Suassuna, neto de Ariano e co-realizador da exposição “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso”

A essência imortal de Ariano Suassuna, um dos maiores ícones da cultura brasileira, ganha vida na exposição  “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso”, que estreia no Luzzco, espaço de arte imersiva em João Pessoa, no dia 14 de abril. João Suassuna, neto do renomado escritor, dramaturgo e poeta, é uma das mentes criativas por trás da concepção da exposição, que traz novas dimensões sensoriais à vida e obra de Ariano.

Na entrevista a seguir, João Suassuna compartilha detalhes sobre o processo de elaboração e montagem, desde a ideia inicial até a realização, além do desafio de criar uma experiência imersiva que capturasse todas as facetas de Ariano – da genialidade artística até sua essência como pessoa.

Confira: 

Como surgiu a ideia do espetáculo imersivo “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso” e qual seu papel na criação?

Jader França, CEO do Luzzco, e eu já vínhamos conversando sobre isso desde antes da inauguração do espaço. Jader tinha um sonho de realizar algo relacionado ao meu avô, e eu, que vivo Ariano a minha vida toda, também queria fazer algo diferente de tudo o que já tinha visto. A partir disso, chegamos a abril de 2024 ao “Auto de Ariano, o Realista Esperançoso”. Meu papel foi desde o primeiro momento, das conversas à consolidação e construção conceitual e estética. É um projeto feito à várias mãos, e um projeto que vai encantar todo o Brasil.

Como foi o processo de elaboração e montagem do espetáculo, desde a concepção da ideia até a sua realização?

Costumo dizer que essa é a empreitada mais trabalhosa que entrei, mas também, na mesma medida, a mais prazerosa. O projeto de espetáculo imersivo não segue, rigidamente e cronologicamente, todas as etapas da vida e da obra do meu avô, mas consegue destacar todos os pontos fundamentais. Esse é um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, o maior potencial, porque Ariano é uma pessoa plural com uma criação artística extremamente diversificada. Conseguimos colocar no espetáculo todas as suas variadas e encantadoras facetas. É isso que as pessoas vão encontrar e se encantar. 

O Luzzco é um espaço majoritariamente imersivo, como foi concebida essa jornada para as telas e que outros elementos de destaque estarão em exposição?

O espetáculo vai mexer com toda a questão sensorial das pessoas, elas vão passar do riso para a reflexão. Além de mexer com os sentidos, por óbvio, a visão e audição, mas também vai ter paladar, olfato e tato. Os ambientes terão pílulas físicas da vida e obra de Ariano materializadas, algumas delas nunca antes palpabilizadas ou vistas pela população diretamente. Vamos colocar o traje que Ariano usava, a roupa dele que é um símbolo com toda aquela estética. A cadeira que ele gostava de sentar para ler e contar histórias para os amigos, familiares e todos que o visitavam. 

O projeto “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso” será itinerante?

O espetáculo foi concebido para ser itinerante e começamos pela Paraíba, porque é por onde começou a história de Ariano, da nossa família. Estamos respeitando essa linha de vida e a próxima cidade-estado é Recife, Pernambuco, onde Ariano foi morar e onde casou com Dona Zélia, minha avó, que nos inspira diariamente. Foi lá onde ele teve seus seis filhos, quinze netos, sou o mais velho, e, até o momento, 11 bisnetos. Além disso, temos a intenção de rodar o Brasil, inclusive, assim que saiu a divulgação do espetáculo, recebemos convites até de fora do país.

Quais os principais objetivos que se espera com esse espetáculo?

Nosso principal objetivo é preservar a coerência de Ariano e levar adiante sua chama imortal, que nos inspira, impulsiona e encanta. Ele sempre manteve, de forma muito firme, mesmo com aquele jeito bem-humorado, brincalhão, a sua coerência. Ele se comunicava – por intermédio do riso – para fazer a defesa da cultura e do povo brasileiro.

Além das projeções, haverá outras atividades especiais durante o período de exibição? Como será essa programação?

O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso não é um espetáculo estático, vamos incorporando novas ideias. Vamos fazer uma aula-espetáculo que já ministro há 10 anos. Se chama “Na Trilha do Mestre” e é um grande diálogo entre mim, meu avô e o público. Essa aula-espetáculo é um bom esquenta para o espetáculo, já que os materiais são complementares e harmônicos. 

Como você espera que seja o impacto cultural e emocional?

As pessoas sempre me perguntam como era meu avô dentro de casa. Eu sempre digo: meu avô era gênio. Gênio como escritor, como professor, como defensor da cultura e do povo brasileiro, mas Ariano era, especialmente, gênio como gente. E é isso o que estamos trazendo também para o espetáculo, algumas características que o público, talvez, não tenha tido a oportunidade de conhecer. O ponto que liga todo o Espetáculo é o amor: o amor de Ariano como filho, o amor de Ariano por sua terra, o amor de Ariano por sua família, o amor de Ariano por seu país e sua gente, o amor de Ariano por nossa cultura e arte. E o que nos fez fazer esse projeto é, exatamente, o amor que temos por Ariano e por tudo o que ele representa.

Qual a importância desse projeto para preservar e divulgar o legado de Ariano Suassuna?

Esse projeto é fundamental para o fomento e difusão da nossa cultura. Valorizarmos o que é nosso. Lembro do pensamento do grande escritor russo Liev Tolstói, que Ariano sempre fazia referência: “Se queres ser universal começa por pintar a tua Aldeia”, ou seja, pinte bem a sua Aldeia e você pintará o mundo. A aldeia que Ariano pintou, ao longo de toda sua vida, foi a Paraíba, Pernambuco, o Nordeste e o Brasil. Assim, Ariano terminou por pintar o mundo e sua obra se tornou universal e atemporal. A peça mais popular do meu avô, que estará no espetáculo, O Auto da Compadecida, foi escrita em 1955, meu avô só tinha 28 anos, mas foi traduzida para o inglês, espanhol, alemão e até para o polonês. Uma pessoa que está na Polônia e lê ou assiste a uma adaptação da peça…a compreende, porque o ser humano é um só. É muito importante a gente, como brasileiro, valorizar os nossos grandes e esse espetáculo ajuda a levar isso adiante. Ariano é um dos grandes da nossa história e está tendo uma homenagem na mesma medida de sua dimensão.

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