O Hospital Alberto Urquiza Wanderley realizou três transplantes simultâneos na última terça-feira (25): coração, fígado e rim. Os órgãos foram doados de um único paciente e beneficiaram três pessoas que aguardavam na fila de transplantes. O hospital, que é referência em alta complexidade e integra a rede própria de atendimento da Unimed João Pessoa, é pioneiro na Paraíba na realização destes três tipos de transplante.
Os órgãos doados vieram de um homem de 28 anos, que faleceu no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Com o ato solidário, a família do doador beneficiou a paciente T.C.L.M, de 31 anos, que recebeu o coração; M.A.G.R, de 54 anos, que recebeu o fígado; e J.M.A.S, de 52 anos, que recebeu um dos rins. As cirurgias aconteceram sem intercorrências e os pacientes estão se recuperando nas Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Alberto Urquiza. O estado de saúde é considerado estável.
O paciente que passou pelo transplante de fígado sofria de cirrose hepática. Com o novo órgão, ele terá uma nova vida e a rotina reorganizada. A equipe responsável pelo procedimento foi chefiada pelo cirurgião do aparelho digestivo Cássio Virgílio, coordenador de transplantes da Unimed João Pessoa. Ele destacou a importância para o estado em contar com o Hospital Alberto Urquiza Wanderley que é preparado tem a estrutura necessária, como centro cirúrgico e Unidades de Terapia Intensiva com equipamentos modernos, além de uma equipe multiprofissional especializada na realização de procedimentos complexos, como são as cirurgias de transplante de órgãos.
“O hospital da Unimed JP dispõe de tudo que é necessário para a realização de transplante, dando segurança e qualidade assistencial para os pacientes. Essa parceria público-privada com o Governo do Estado, nesse momento fantástico que estamos vivenciando com os resultados obtidos pela Central de Transplantes, aumentando o número de doadores e vencendo a lista de espera por um órgão”, disse o cirurgião.
RECUPERAÇÃO ACELERADA COM O ERAS
O cirurgião cardiovascular que liderou a equipe responsável pelo transplante de coração, Maurílio Onofre Deininger, explicou que a paciente sofria de miocardiopatia periparto ou puerperal. O problema é uma forma rara de insuficiência cardíaca que surge no final da gravidez ou nos primeiros meses após o parto, causando o enfraquecimento do músculo do coração. A paciente passou duas semanas internada na UTI e estava na prioridade da lista de transplante.
“A cirurgia foi bem-sucedida e a paciente saiu do bloco cirúrgico com respiração espontânea, sem necessidade de ventilação mecânica, já chegando acordada na UTI”, explicou Maurílio Onofre. Ele destacou que a paciente é a terceira pessoa transplantada assistida pelo Protocolo Eras, um conjunto de práticas utilizadas antes, durante e depois dos procedimentos cirúrgicos que reduz o tempo de internação e possibilita o restabelecimento mais rápido da saúde dos pacientes.
FIM DA DEPENDÊNCIA DA HEMODIÁLISE
Já o paciente beneficiado com o novo rim sofria com doença renal crônica. O urologista e cirurgião Jarques Lúcio, um dos responsáveis pela cirurgia, reforçou que, com o transplante, o paciente terá de volta a qualidade de vida. “Foi um trabalho conjunto entre as equipes de urologia e nefrologia com o objetivo de devolver qualidade de vida ao paciente e retirar a dependência da hemodiálise, que tanto impacta na saúde, rotina e convivência social”, acrescentou o médico.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À SOCIEDADE
O Hospital Alberto Urquiza Wanderley realiza transplantes há 21 anos, sendo o primeiro da Paraíba a realizar transplante de coração e fígado, desde 2004, e rim, a partir de 2009. O pioneirismo da unidade se deve à estrutura adequada e à equipe multidisciplinar preparada para a realização dos transplantes, contemplando a população da Paraíba e até de outros estados.
“Disponibilizar essa estrutura, que é o nosso hospital, há mais de 20 anos para realização de transplantes no estado é uma prestação de serviço à sociedade”, disse o diretor geral do Hospital Alberto Urquiza, José Calixto da Silva Filho. Ele reforçou a importância da doação de órgãos como um ato de amor ao próximo e parabenizou a família do doador pela decisão que salvou outras três vidas.
IMPORTÂNCIA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
O médico Cássio Virgílio também destacou a importância da doação de órgãos e lembrou que é importante que as pessoas comuniquem aos seus familiares o desejo de ser um doador. “Um doador pode salvar até oito vidas. Nesse dia, um salvou três, no mesmo dia, horário e hospital. Fale com os seus familiares e seja um doador de órgãos. Afinal, não conhecemos o dia de amanhã. Pode ser eu, você ou um ente querido quem estará na lista. E se isso acontecer, nós vamos querer que o órgão chegue”, acrescentou.