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Estudo brasileiro inédito revela eficácia de técnicas de ressincronização em pacientes com insuficiência cardíaca

Estudo brasileiro inédito revela eficácia de técnicas de ressincronização em pacientes com insuficiência cardíaca

Pesquisa analisou pacientes de todas as regiões do país, com 50% de mulheres e 60% de participantes negros, pardos e indígenas
 

Um estudo brasileiro multicêntrico, conduzido por pesquisadores brasileiros, traz uma nova perspectiva para o tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca, uma condição crônica e debilitante que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros*. O estudo PhysioSync-HF, coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento, avaliou uma técnica inovadora de ressincronização cardíaca, conhecida como estimulação fisiológica, em comparação com a abordagem convencional – um procedimento para regular os batimentos cardíacos. Com resultados robustos e um olhar voltado para a realidade e diversidade racial, social e econômica do Brasil, a pesquisa contou com o apoio do Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Os resultados encontrados apontam caminhos importantes para a saúde pública e para a medicina personalizada no país, destacando-se como o maior estudo de seu tipo no mundo.
 

A insuficiência cardíaca, frequentemente caracterizada pelo coração dilatado e pela perda da sincronia dos batimentos, impede que o órgão bombeie sangue de forma eficaz. Para um grupo de pacientes, a terapia medicamentosa convencional não é suficiente. Nesses casos, a terapia de ressincronização cardíaca, que envolve a implantação de um dispositivo semelhante a um marca-passo, é a indicação padrão. De acordo com André Zimerman, cardiologista e head da Unidade de Ensaios Clínicos do Hospital Moinhos de Vento, e um dos autores do estudo, “a ressincronização convencional é eficaz, mas tem desafios no Brasil, como o alto custo e o fato de muitos dos pacientes não responderem bem à terapia. O acesso também impacta o tratamento dos pacientes, principalmente em regiões como o Norte e o Nordeste”.
 

Nesse contexto, a pesquisa que avaliou 173 pacientes, durante 12 meses, revela que a ressincronização biventricular – conecta eletrodos em ambos os lados do coração – apresentou resultados superiores na melhora da função cardíaca e redução de internações, enquanto a inovadora técnica fisiológica – insere o eletrodo diretamente no local do bloqueio elétrico, seguindo a ativação natural do órgão – mostrou-se uma alternativa economicamente mais acessível, chegando a redução de aproximadamente R$ 17 mil por paciente durante o período do estudo.
 

Embora a técnica biventricular tenha se mostrado superior clinicamente, a pesquisa comprovou que ambas as abordagens beneficiam os pacientes, promovendo melhora da função cardíaca, capacidade física e qualidade de vida. Com isso, o estudo oferece aos médicos brasileiros dados robustos para decisões terapêuticas baseadas no perfil e necessidades específicas de cada paciente, onde outras variáveis se mostram determinantes na tomada de decisão sobre qual procedimento seguir para cada paciente. “Diferentemente dos medicamentos, cuja biologia corporal é universal, a implementação de procedimentos varia conforme contextos regionais e suas particularidades”, afirma Carisi Anne Polanczyk, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, que reforça a importância da representatividade na pesquisa. Além disso, trouxe à luz particularidades da cardiologia brasileira, como a inclusão de pacientes com doença de Chagas.
 

O estudo contou com pacientes de 14 cidades distribuídas nas cinco regiões do país, com 50% de mulheres e uma maioria de participantes não brancos (20% negros, 39% pardos e 1% indígena), garantindo dados mais abrangentes e factíveis à realidade local. Visto que, segundo divulgado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Brasil apresenta taxas de morbidade e mortalidade por insuficiência cardíaca muito maiores do que países desenvolvidos, reflexo das intensas desigualdades sociais que caracterizam o país. “Logo, olhar para a nossa pluralidade social, racial e econômica foi extremamente importante para a assertividade dos dados”, observa André D’Ávila, cardiologista no Hospital Moinhos de Vento, que completa: “Sem mencionar a dificuldade de muitos pacientes para receber um tratamento especializado, levando muitos deles a procurar cuidados médicos tardiamente.”
 

“Desenvolver pesquisa clínica no Brasil por meio do Proadi é transformar a diversidade de um país continental em conhecimento científico de alcance global, promovendo inovação, equidade em saúde e impacto real na vida de milhões de brasileiros”, reforça Admilson Reis, superintendente de Responsabilidade e Gestão de Riscos do Hospital Moinhos de Vento.
 

Os resultados, que foram apresentados em primeira mão no Congresso Europeu e Mundial de Cardiologia em Madri no dia 29 de agosto e representam um marco para o Sistema Único de Saúde, fornecendo evidências científicas nacionais para otimizar recursos e melhorar o acesso ao tratamento. “É fundamental que a ciência nacional produza dados que reflitam a nossa população, com suas características genéticas e sociais, para que os tratamentos sejam realmente eficazes”, reforça Carisi Anne Polanczyk. A robustez metodológica do estudo, com um comitê independente para avaliar os desfechos e resultados cegados para os pesquisadores, garante a credibilidade e a transparência dos dados obtidos.
 

PhysioSync-HF conclui que o tratamento de condições complexas como a insuficiência cardíaca requer uma abordagem completa, que vá além da medicação, mas que a sua implementação deve ser adaptada à realidade de cada contexto. A pesquisa provou que tratamentos com dispositivos e fluxos de cuidado devem ser testados localmente e não apenas replicar evidências de países desenvolvidos. “Esse estudo fornece informações relevantes para a tomada de decisão médica que podem beneficiar diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS), considerando tanto a eficácia clínica quanto o impacto econômico dos tratamentos”, conclui o cardiologista e pesquisador André Zimerman.
 

Para o CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, é crucial que os hospitais privados de referência nacional sejam parceiros do Ministério da Saúde e “não só apoiem, como também priorizem projetos via Proadi-SUS para mostrar para o mundo o potencial das pesquisas clínicas desenvolvidas por brasileiros e para os brasileiros. O impacto disso é imensurável, porque temos a oportunidade de beneficiar diretamente o nosso sistema público de saúde.”
 

*Fonte: artigo “Distribuição Espacial de Mortalidade por Insuficiência Cardíaca no Brasil, 1996-2017”, publicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 10/01/2022. Texto completo neste link.


Sobre o Hospital Moinhos de Vento

Com o propósito de Cuidar das Pessoas, integrando assistência, pesquisa e educação, o Hospital Moinhos de Vento, fundado em 1927, foi o segundo hospital do país acreditado pela Joint Commission International (JCI), sendo reacreditado pela oitava vez consecutiva em 2023. Possui um dos parques robóticos multiplataforma mais diversificados da América Latina. É referência nacional em práticas sustentáveis no setor hospitalar, sendo a primeira instituição do Brasil a construir, em seu complexo, uma Central de Transformação de Resíduos. É um dos sete de referência do Brasil segundo o Ministério da Saúde e o único fora do eixo-SP a integrar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Melhor hospital da Região Sul e quarto melhor hospital do País, de acordo com a revista Newsweek, e melhor empresa do País no segmento Saúde no Anuário Época Negócios. Recentemente, o Hospital Moinhos de Vento conquistou mais dois importantes reconhecimentos na América Latina: foi eleito pela Latam Business Conference o terceiro melhor do continente e o segundo melhor do Brasil no Top Ranking Latam Best Hospitals. Em outro ranking, elaborado pela Intellat, Moinhos foi o segundo melhor da América Latina em telemedicina e experiência do paciente. Saiba mais no nosso site e nos siga no LinkedIn e Instagram.

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