A Anvisa aprovou em junho um novo tratamento para câncer de próstata metastático que combina os medicamentos talazoparibe (Talzenna) e enzalutamida (Xtandi). A terapia é indicada para pacientes cuja doença continua a progredir mesmo após o bloqueio hormonal, incluindo casos mais graves com mutação genética HRR, que atingem cerca de 4% dos pacientes e são mais agressivos.
O oncologista Frederico Leal, da Unicamp, explica que essa mutação prejudica o reparo celular, favorecendo a proliferação do câncer. Segundo estudo publicado na revista Nature Medicine, o uso combinado dos medicamentos reduziu em 55% o risco de progressão da doença e de morte, em comparação com o tratamento tradicional com enzalutamida isolada.
Apesar dos resultados promissores, o tratamento ainda não está disponível no SUS e tem custo elevado: cerca de R$ 50 mil por mês. A Pfizer produz o Talzenna, já utilizado para tratar cânceres de mama e ovário com a mesma mutação, enquanto o Xtandi, da farmacêutica Accord, é usado para inibir hormônios masculinos em casos avançados da doença.
Com 17 mil mortes por câncer de próstata registradas no Brasil em 2023, especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir dos 50 anos — ou 45, no caso de histórico familiar — façam acompanhamento regular para detectar a doença ainda em estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores.