Carlos Vieira acendeu o sinal de alerta sobre o futuro do Minha Casa Minha Vida (MCMV) ao afirmar que o atual modelo de financiamento imobiliário, sustentado quase integralmente pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pode entrar em colapso. Segundo ele, o fundo enfrenta uma crescente pressão de outros usos que concorrem pelos mesmos recursos, o que pode comprometer a continuidade do principal programa habitacional do país. “Precisamos rediscutir essa estrutura de funding, porque o FGTS tende a entrar em uma grande crise”, afirmou Vieira durante evento setorial.
O alerta ocorre em um momento em que o governo federal reforçou o orçamento do MCMV para 2025, prevendo R$ 141,6 bilhões do FGTS para as faixas 2 e 3 e outros R$ 30 bilhões do Fundo do Pré-Sal destinados à nova Faixa 4, voltada à classe média. O programa passou por ampliação das regras de renda e aumento do teto dos imóveis, buscando incluir novos perfis de famílias. No entanto, a alta procura e a limitação dos recursos tornam o cenário preocupante, especialmente diante da valorização dos imóveis e do aumento dos custos da construção civil.
Atualmente, o Minha Casa Minha Vida oferece juros médios de 7,66% ao ano, quase metade da taxa Selic, fixada em 15%. Essa diferença torna o programa a única opção viável para famílias com renda de até R$ 12 mil mensais, já que as demais linhas de crédito imobiliário — baseadas em recursos da poupança — praticam taxas muito mais elevadas. O aumento na demanda, porém, tem acelerado o esgotamento dos recursos disponíveis, ameaçando o acesso de milhares de famílias ao financiamento da casa própria.
O cenário se agrava com a expectativa de novos reajustes nos preços dos imóveis em 2025 e 2026. O setor da construção civil projeta alta de custos diante da reforma tributária, que criará a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), substituindo PIS, Cofins, ICMS e ISS. A nova estrutura deve elevar a carga tributária sobre o setor, refletindo diretamente no valor final das moradias e dificultando ainda mais o sonho da casa própria para milhões de brasileiros.