O presidente do Conselho Regional de Economia da Paraíba, Celso Mangueira, afirmou que não disputará a reeleição após acumular nove mandatos, intercalados, à frente da entidade. “Eu tenho me dedicado muito ao Conselho, mas estou me afastando agora. São três anos de mandato que você pode ser reconduzido. Já estamos conversando para compor uma chapa forte, para que o Conselho continue com visibilidade no Estado da Paraíba”, declarou, sem esconder que pretende fazer o sucessor, de modo a garantir a continuidade de sua linha de atuação
A decisão abre espaço para uma disputa interna em torno da sucessão e expõe, mais uma vez, o debate sobre a perpetuação de dirigentes em conselhos de classe no Brasil.
Essa movimentação ocorre em meio a críticas crescentes à falta de alternância de poder nesses órgãos, levantadas pelo Tribunal de Contas da União. Em recente decisão, o Plenário apontou que a reeleição ilimitada em entidades de registro e fiscalização gera aparelhamento e monopolização de mandatos por grupos políticos específicos, em afronta ao princípio constitucional da temporariedade dos cargos.
Caso emblemático
Segundo o TCU, ocorreu no Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), onde um mesmo grupo político controlou a entidade por 16 anos consecutivos. A auditoria, a pedido do Congresso Nacional, identificou superfaturamento, concentração de poder por um mesmo grupo e enfraquecimento institucional, resultando em denúncia ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, conforme o Acórdão 638/2025, que serviu de alerta para outros conselhos, inclusive os da área econômica.
O Corecon-PB pode enfrentar agora um desafio político interno, que é a transição de comando sem abrir brechas para acusações de continuidade disfarçada de poder. O próprio Celso Mangueira reconheceu que há articulações em curso para montar uma chapa de consenso, mas reafirmou que o objetivo é “dar continuidade ao trabalho e preservar a representatividade dos economistas paraibanos”.
Com a saída de cena do mais longevo dirigente da história do Corecon-PB, o futuro do Conselho entra em uma fase decisiva. A eleição que se aproxima não decidirá apenas o sucessor de Mangueira, mas também será um termômetro da capacidade da entidade em se renovar, em um momento em que os conselhos profissionais estão sob pressão crescente do TCU, do Congresso Nacional e da sociedade civil por mais transparência, alternância e limites à perpetuação no poder.