Cuidar da aparência deve ser um gesto de autoestima, não um risco à saúde. Em muitos salões e esmalterias, a falta de atenção à higiene e ao manuseio dos produtos pode transformar um simples momento de beleza em um problema sério. Instrumentos sem esterilização adequada, maquiagens compartilhadas e pincéis não higienizados são portas de entrada para infecções e doenças que vão de simples micoses até casos mais graves.
Entre os agentes mais comuns estão bactérias como o Staphylococcus aureus, causador de infecções na pele e até de quadros mais severos em pessoas com baixa imunidade; fungos que provocam micoses nas unhas; e o HPV, responsável por verrugas periungueais ao redor das unhas das mãos e dos pés. Unhas e pele são áreas extremamente sensíveis, e procedimentos mal executados —como o corte de cutículas ou o uso de produtos químicos agressivos— aumentam a vulnerabilidade do corpo a contaminações.
Reações severas
Outro ponto de atenção são as dermatites de contato, frequentemente associadas a substâncias químicas presentes em esmaltes, alisantes e unhas de gel. Produtos que contêm formaldeído, tolueno, ftalatos ou resinas acrílicas podem causar reações severas, sobretudo quando são de baixa qualidade ou aplicados sem os cuidados necessários.
O oftalmologista Leonardo Marculino, do Hospital Cema (SP), explica que “produtos com formol liberam vapores irritativos capazes de causar conjuntivite química e, em casos graves, ceratite”, destacando a importância da ventilação adequada e da proteção individual.
Produtos clandestinos
De acordo com normas da Anvisa, qualquer produto com formaldeído acima de 0,2% é proibido, devido ao risco de irritações respiratórias, alergias e até efeitos cancerígenos em exposições prolongadas. Ainda assim, alguns produtos clandestinos continuam circulando no mercado com concentrações perigosas, expondo clientes e profissionais a sérios riscos.
Para evitar complicações, especialistas recomendam observar se os instrumentos são esterilizados em autoclave e abertos na frente do cliente. O infectologista Moacyr Silva, do Hospital Albert Einstein (SP), sugere levar de casa os próprios alicates, espátulas e tesourinhas. Segundo ele, “o risco de contaminação está ligado ao contato com sangue durante o corte de cutículas ou pequenas lesões na pele e prevenir é sempre o gesto mais elegante de cuidado”.