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Formação “relâmpago” de corretores infla e desvaloriza mercado imobiliário e profissão

Formação “relâmpago” de corretores infla e desvaloriza mercado imobiliário e profissão

Mais do pelo aquecimento do mercado imobiliário, a busca pela profissão de corretor de imóveis continua aumentando pelas facilidades que começam pela inexigência de diploma universitário e passam por cursos de formação de Técnico em Transações Imobiliárias (TTI), inclusive no modo EAD, com custo simbólico, duração de 3 a 12 meses e avaliações frágeis, que legitima o interessado a obter o registro no Conselho de Classe e fomentar a receita do Órgão com o pagamento da anuidade, não condicionado por muitos deles, à apresentação de certidões negativas cível e criminal.

Há opções de cursos a partir de R$ 530 parcelados em até 12 vezes e até mesmo bolsas de estudo que oferecem mensalidades a partir de R$ 50 ou R$ 63. A modalidade a distância (EAD), que domina a cena pela economia e flexibilidade, permite que qualquer um, com pouca dedicação, obtenha o “diploma” a partir de 3 meses, a exemplo do Colégio Dallas e da Escola Mercury,  sediadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Cursos autorizados na PB. Saiba quais.

Segundo os arquivos do Conselho Estadual de Educação, existem 8 (oito) cursos vigentes, sendo 6 (seis) na forma presencial e 2 (dois) cursos na forma EAD. Há alguns meses o Centro de Ensino Técnico Odontológico do Nordeste (CETO) em João Pessoa não oferece mais o curso. O Cejapro também na Capital suspendeu temporariamente o curso, que custava R$ 1.800 em 12 meses. Já os números disponibilizados pela Escola de Enfermagem São Vicente de Paula e Instituto Luxemburgo de Educação a Distância em JP não atendem.

Ainda em João Pessoa, a Universidade Estadual da Paraíba (Unepi) que teve reconhecimento excepcional pelo CEE nas formas presencial ou EAD cobra R$1500 para o curso de 10 meses, enquanto a Seacre Imobiliária Business School, que teve autorização para oferta integrada EJA/EAD do TTI este ano, oferta duas possibilidades: Em caso de ter graduação em determinadas áreas, pode ser feito em 1 semana (modo acelerado) ao custo de 10x de R$ 250,00 (R$ 2.500,00) ou o modo convencional de 90 dias (3 meses) aos sábados, no valor de R$ 1.500.

A Faculdade Três Marias, em João Pessoa e Patos informa em seu site o período de duração, mas não o valor e no Colégio Patoense Santo Expedito, em Patos, a mensalidade é de R$ 230,00 durante 1 ano e 1 mês (R$ 2.990,00).  

Clandestinos acarretam prejuízo não só de tempo e dinheiro

Além do prejuízo de tempo e dinheiro, sem o reconhecimento do MEC, o diploma do curso de TTI fornecido por entidades não autorizadas não tem validade legal, impedindo a vítima de comprovar sua formação em concursos, processos seletivos e outras situações que demandem a apresentação do diploma.

Não é difícil a resposta para a pergunta sobre que tipo de profissional é forjado nessa esteira de “formação relâmpago” e com avaliações que muitas vezes parecem mais um pro-forma do que um teste de conhecimento real. Só a pequenina Paraíba ganhou nos últimos 2 anos 3 mil novos profissionais.

Novas regras para EAD

Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) publicou o Decreto nº 12.456/2025, que estabelece novas diretrizes para cursos a distância, e o TTI, mesmo não sendo proibido, se enquadra nessas regras. Desde 20 de maio de 2025, algumas instituições têm 90 dias para ajustar seus modelos, com possíveis migrações para o formato semipresencial.

Embora isso possa trazer um pouco mais de rigor, a essência de uma formação super-rápida e de baixo custo permanece e com ela uma pergunta que não quer calar: Qual será o impacto disso na percepção pública sobre a seriedade da profissão e de credibilidade e confiança pela sociedade, esta, vítima vez por outra, de falsos profissionais?

A corrida por um “diploma rápido e barato”, no fundo, desvaloriza a profissão e compromete a imagem daqueles que se dedicam com conhecimento, seriedade e ética a essa carreira.

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