Doença não é transmitida quando tratada e pacientes têm acesso à assistência completa pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
Cidade (UF) – O primeiro mês do ano chama atenção para a conscientização da hanseníase, problema de saúde pública notificada com mais de 19 mil casos em todo o Brasil entre janeiro e novembro de 2023, segundo o painel de monitoramento do Ministério da Saúde. Revestida pela cor roxa, a campanha alerta sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces, pontos esclarecidos por especialista do HUAC, Jaime Araújo, que também reforça a importância de combater o preconceito ainda muito presente sobre o assunto.
Causada por uma bactéria chamada mycobacterium leprae (no formato de bastão, mencionado como bacilo), a hanseníase atinge os nervos periféricos. Por esse motivo, os sintomas se refletem em sensações de choques, dormência e/ou queimação, perda da sensibilidade e da força das mãos e dos pés. Na pele, as manchas esbranquiçadas ou avermelhadas também são uma característica. Além disso, uma outra especificidade está relacionada ao período de multiplicação das bactérias que costuma ser muito lento, durando, inclusive, anos até que apareçam os primeiros sinais.
A contaminação ocorre por meio das gotículas de mucosa oral e nasal (espirro, tosse) a partir do contato com pessoas que estão com a doença, mas não estão em tratamento, especialmente com as formas multibacilares, ou seja, quando o indivíduo possui múltiplos bacilos.
Como identificar e tratar
O profissional de saúde analisará as lesões por meio de testes de verificação da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa.
A detecção precoce é crucial para prevenir danos mais graves, como a deformação de membros. O cuidado deve envolver uma abordagem holística, considerando não apenas a saúde física, mas também o suporte psicossocial, uma vez que o estigma associado à doença pode impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes.
O tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS, seja por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou dos serviços especializados, com medicamentos que combinam três substâncias antimicrobianas (clofazimina, rifampicina e dapsona). Nos pacientes sem bacilos viáveis (quantidade rara), o tratamento é previsto para seis meses. Para os casos multibacilares, é feito por um ano. É importante mencionar que, uma vez iniciado o tratamento, o paciente não transmite a doença.
Combater o preconceito
Historicamente a hanseníase carrega estigmas por ser uma doença que atinge a pele, pensamento fortalecido por políticas antigas de segregação social das pessoas, circunstância que dificulta o acesso ao diagnóstico precoce. A falta de conhecimento sobre a transmissão e tratamento adequado contribui para o medo e o estigma.
Desconstruir estereótipos e promover a inclusão de pessoas afetadas é essencial para combater o preconceito associado à hanseníase.
Saiba mais: janeiro com ênfase na hanseníase
Além da campanha Janeiro Roxo, o mês reforça a conscientização sobre a doença com as datas do Dia Mundial contra a Hanseníase, celebrado sempre no último domingo de janeiro, e, no calendário de saúde brasileiro, com 31 sendo considerado como Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (Lei nº 12.135/2009).
O HUAC, que possui os serviços de Infectologia e Dermatologia, que também atua no tratamento ambulatorial e hospitalar dos casos de hanseníase de forma complementar à Rede de Atenção à Saúde, efetuando cuidados integrais nestas especialidades
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo e Elthon Ribeiro com apoio de Andreia Pires e revisão de Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh
Tags: HUAC; ebserh, sus, janeiro roxo, hanseníase, tratamento.