Casos que revelam o drama silencioso de famílias em situação de vulnerabilidade vêm preocupando as autoridades de Bayeux. Segundo o juiz da Infância e da Juventude, Antônio Rudimacy Firmino, o avanço das drogas tem deixado marcas profundas em crianças e adolescentes. “Ontem mesmo tivemos um adolescente apreendido vendendo entorpecentes. Ele contou que usou o dinheiro do programa Pé de Meia, cerca de R$ 200, para comprar a substância e revender”, relatou o magistrado, indignado.
Outro episódio que chocou a cidade foi o de uma mãe que precisou vender a própria casa para quitar uma dívida imposta por traficantes após o filho ser apreendido. “Os chefes exigem que as famílias paguem o prejuízo. Caso contrário, fazem ameaças de morte. É uma realidade cruel”, lamentou o juiz, ao destacar o medo constante vivido por essas famílias.
Em outro caso amplamente conhecido na cidade, um pai teve de enviar o filho adolescente para São Paulo depois que ele foi “decretado” — sentenciado à morte por facção rival — apenas por ter visitado um amigo em uma comunidade dominada por outro grupo. O garoto só sobreviveu porque foi retirado às pressas da cidade, num retrato da fragilidade de jovens em áreas de risco e do sacrifício emocional e financeiro imposto a pais e responsáveis.
Campanhas e reeducação buscam resgatar jovens e proteger famílias
Diante desse cenário, o juiz Antônio Rudimacy Firmino informou que a Justiça e o Ministério Público têm adotado medidas firmes, internando adolescentes envolvidos e garantindo o retorno deles à escola. “A maioria está fora da sala de aula. Nosso objetivo é que estudem e encontrem outro caminho”, explicou.
Ele destacou ainda que Bayeux, “uma cidade de evangélicos”, segue promovendo campanhas de conscientização com apoio de instituições civis e religiosas. “Ou acabamos com a droga em Bayeux, ou as drogas acabam com Bayeux”, concluiu o juiz, em tom de apelo à sociedade.
O presidente da Câmara Municipal, Adriano Martins de Lima, convocou uma sessão especial para às 9h da próxima quinta-feira (23) para discutir o aumento da criminalidade.
O momento nunca foi tão oportuno, em meio a roubos, assaltos e homicídios quase diários em vias públicas, casas e estabelecimentos comerciais, praticados em qualquer hora do dia ou da noite, além da violência contra a mulher, inclusive com feminicídios.