A busca por uma atividade física que pudesse ajudar com as limitações de quem tem o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode acabar revelando talentos esportivos. Foi assim com a atleta de jiu-jitsu Carol Bevilacqua que mora em João Pessoa e já conquistou mais de 17 medalhas para a Paraíba esse ano.
O diagnóstico do TDAH de Carol chegou logo na primeira infância e trouxe muitos desafios para a família. Além do tratamento tradicional, a menina recebeu a indicação médica para a prática esportiva, o que acabou sendo determinante para sua melhora e descoberta do propósito enquanto atleta.
De acordo com a mãe de Carol, Thereza Bevilacqua, as primeiras atividades foram natação, capoeira e handebol, mas foi no jiu-jitsu, logo após o período mais crítico da Pandemia, que ela se encontrou. “Hoje, o jiu-jitsu ajuda demais no foco e concentração para tudo, inclusive para o estudo, além do benefício mental para lidar com stress e momentos de pressão”, avalia.
Carol confirma que sente na prática que a constância nos treinos trouxe foco e disciplina. O esporte é ainda um mecanismo de aliviar o stress para ela. “Uma mente típica trabalha a 110 volts, mas a minha trabalha a 330. Depois dos treinos a velocidade dos pensamentos e da agitação, causada pela hiperatividade, diminui”.
Não é de hoje que vem crescendo o interesse da comunidade científica acerca do potencial terapêutico das artes marciais como o jiu-jitsu para o tratamento auxiliar do TDAH. Especialistas como o professor de educação física e autor de livro sobre atividades recreativas e psicomotoras dentro de jogos de combate, Carlos Alberto Cartaxo, indicam que a filosofia das artes marciais favorece o desenvolvimento do controle das próprias ações, entre outros aspectos.
Novos desafios
O olhar atento às recomendações médicas e a todos os aspectos do tratamento do TDAH acabou trazendo à tona uma atleta focada nos resultados que vem obtendo desde o ano passado quando competiu no juvenil.
Hoje, Carol Bevilacqua se prepara para uma maratona de oito competições até janeiro, começando pelo Sul-americano No-Gi (sem Kimono) de Jiu-Jitsu, nos dias 28 e 29 de setembro no Rio de Janeiro. O objetivo é superar as 17 conquistas de medalhas desse ano na categoria que compete, adulto peso galo, faixa azul.
Todas as competições que ela participa são promovidas pela Confederação Brasileira de Jiu-jitsu (CBJJ) e a International Brazilian Jiu-jitsu Federation (IBJJF). Carol representa a Checkmat TM Team Geisel, onde realiza os treinos de jiu-jitsu. A preparação física é feita de segunda a sábado, no CT Kongo.