Enquanto cidades de todo o mundo testam e implantam soluções inteligentes de mobilidade urbana, João Pessoa ainda convive com um modelo ultrapassado e insustentável de deslocamento centrado no carro particular. Congestionamentos diários, poluição crescente e ocupação desordenada das vias são sintomas visíveis de uma lógica urbana que prioriza veículos em detrimento das pessoas.
A “Queridinha do Nordeste” continua investindo pouco em transporte coletivo eficiente, ciclovias conectadas e calçadas seguras, perdendo oportunidades de integrar tendências já consolidadas em diversas metrópoles.
O mundo caminha para um uso racional do espaço e dos modais, com base no perfil individual de deslocamento. Em cidades como Helsinque, Cingapura e Estocolmo, plataformas digitais já recomendam aos usuários, em tempo real, o melhor meio de transporte para cada trajeto, seja um metrô, uma bicicleta compartilhada ou até um carro autônomo.
Erros históricos
Na capital paraibana, no entanto, sequer existe uma política pública consistente de incentivo à micromobilidade ou à mobilidade ativa. O planejamento urbano ainda negligencia bicicletas, triciclos de carga, monociclos elétricos e mesmo o simples ato de caminhar.
Apesar de discursos sobre sustentabilidade e inovação, a infraestrutura local continua voltada quase exclusivamente ao carro. Falta integração entre modais, corredores exclusivos de ônibus são limitados, e a malha cicloviária é descontínua. Poucas iniciativas surgem para estimular o uso de modais leves e não poluentes, um contraste gritante com o conceito de “Mobilidade como Serviço” (MaaS), que já transforma a relação das pessoas com o transporte em diversas capitais.
Consequências graves
A consequência desse atraso é clara: mais tempo no trânsito, mais emissões, mais gasto público com obras viárias de curto prazo e menos qualidade de vida. João Pessoa segue ficando para trás numa revolução que coloca o ser humano no centro da mobilidade urbana. O futuro não depende apenas de tecnologia embarcada, mas de inteligência na gestão dos fluxos, algo que a cidade ainda precisa priorizar de fato, e não apenas em planos ou promessas.