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Sabesp vê em água de reuso solução inovadora contra a crise hídrica de São Paulo

Sabesp vê em água de reuso solução inovadora contra a crise hídrica de São Paulo

A Sabesp acelera planos ambiciosos para combater a escassez hídrica na Grande São Paulo, estudando a recarga de mananciais com água de esgoto tratada e refinada. Em meio a níveis críticos, com o Sistema Cantareira operando a apenas 31% de sua capacidade – o ponto mais baixo desde 2015 – a companhia planeja devolver água processada nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de Suzano e Barueri diretamente aos rios que abastecem a região. Essa medida, que estava prevista para o futuro, foi antecipada devido à emergência e representa um passo crucial para a segurança hídrica da metrópole.

Os estudos técnicos, que consideram o redirecionamento da água de Suzano para o Rio Taiaçupeba e a manutenção do fluxo da ETE Barueri para o Rio Cotia, têm prazo final em março de 2026. Se aprovado, o projeto deve ser concluído rapidamente, com previsão de entrega das obras até dezembro do mesmo ano. A expectativa da Sabesp é adicionar 2.800 litros por segundo de água de alta qualidade – 800 L/s via Taiaçupeba e 2.000 L/s via Cotia – aos mananciais. Embora este volume represente cerca de 4% do consumo médio da região, ele é considerado vital, especialmente quando comparado a grandes obras de infraestrutura hídrica pós-2015, como a captação no Rio Itapanhaú.

A estratégia da recarga não é inédita, sendo já aplicada com sucesso em metrópoles como San Diego, na Califórnia, e Barcelona, na Espanha. O diretor de engenharia e inovação da Sabesp, Roberval Tavares, garante que a água será devolvida aos rios com os mesmos parâmetros de qualidade da água bruta, eliminando qualquer preocupação antes do seu reprocessamento para consumo humano. Essa abordagem, que busca uma economia circular da água na Bacia do Alto Tietê, enfrenta o que o especialista classifica como um problema crônico: “A região metropolitana de São Paulo vive e viverá, não tem como ser diferente, uma eterna escassez hídrica.”

Especialistas, como Alceu Guérios Bittencourt, da ABES, endossam a medida como uma necessidade em um cenário de mudanças climáticas e crescimento populacional. A água proveniente do tratamento de esgoto tem a grande vantagem de ser uma fonte estável, não afetada por variações nos regimes de chuva. Embora reconheça que há preconceito inicial, Bittencourt defende que os processos de tratamento avançado atingem um nível de pureza maior do que o encontrado, por vezes, na própria natureza, diferenciando-se do reúso direto, pois a água será reintroduzida na natureza antes de ser captada e novamente tratada para consumo.

Essa solução, considerada uma das principais para lidar com a insustentabilidade hídrica da região que já buscou água em mananciais a mais de 80 km da capital, sinaliza uma nova era na gestão de recursos, onde o reúso planejado se consolida como uma alternativa imprescindível para o futuro de São Paulo.

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