Skip to content Skip to footer

Uruguai se torna pioneiro na América do Sul ao legalizar a eutanásia e garantir o direito à morte digna

Uruguai se torna pioneiro na América do Sul ao legalizar a eutanásia e garantir o direito à morte digna

O Senado do Uruguai aprovou esta semana o projeto de lei que legaliza a eutanásia em todo o país, consolidando a nação como a primeira da América do Sul a permitir, por decisão soberana, o direito à morte assistida. Conhecida como “Lei da Morte Digna”, a medida, promovida pela coalizão de esquerda Frente Ampla, descriminaliza o procedimento em situações específicas e segue agora para sanção do presidente Yamandú Orsi, que já declarou apoio público à proposta.

A aprovação encerra mais de uma década de debates sobre o tema e reflete a maturidade de um país reconhecido por legislações de vanguarda, como a regulamentação da cannabis, o casamento homoafetivo e a legalização do aborto. Segundo pesquisa da consultoria Cifra, divulgada em maio, 62% dos uruguaios apoiam a eutanásia, enquanto apenas 24% se opõem, demonstrando ampla aceitação social da medida. A Frente Ampla incluiu o tema entre as 15 prioridades legislativas de 2025.

“Chegou a hora”

Para pacientes como Beatriz Gelós, de 71 anos, diagnosticada com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) há quase duas décadas, a aprovação representa um alívio. Em cadeira de rodas e com a fala comprometida pela doença, ela afirmou que “chegou a hora” de encerrar o sofrimento e que deseja apenas ter o direito de escolher. “Vocês não têm ideia de como é viver assim”, disse, comovendo o país.

A ativista Florencia Salgueiro, do grupo Empathy, reforça que a essência da lei está no respeito à autonomia e à dignidade do indivíduo. Ela lembra que seu pai, Pablo Salgueiro, também portador de ELA, morreu aos 57 anos sem conseguir realizar o desejo de abreviar o sofrimento. Para os defensores do projeto, a nova legislação reforça o compromisso histórico do Uruguai com os direitos civis e humanos.

Em contraponto, a Igreja Católica e entidades civis expressaram preocupação com os possíveis riscos da lei. A ativista Marcela Pérez Pascual, uma das signatárias de uma carta enviada ao Parlamento, alertou que “as pessoas mais vulneráveis estão sendo deixadas desprotegidas”. Apesar das divergências, a decisão uruguaia reposiciona o debate ético e humanitário sobre a morte digna em toda a América Latina.

Mostrar comentáriosFechar comentários

Deixe seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.