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Correios transferem para funcionários responsabilidades por crise bilionária

Correios transferem para funcionários responsabilidades por crise bilionária

Afundado num prejuízo alarmante de R$ 2,6 bilhões em 2024, cuja origem não recai sobre a atuação de seus 86 mil funcionários, os Correios anunciaram ontem um pacote de medidas de contenção que penalizam diretamente a sua força de trabalho. A estatal, buscando uma economia de R$ 1,5 bilhão em 2025, apela ao apoio dos empregados para implementar ações como o incentivo à redução de jornada e de salários, a suspensão temporária das férias a partir de junho deste ano, o fim do trabalho remoto e a reestruturação dos planos de saúde. O plano estratégico, divulgado internamente, coloca o ônus da recuperação financeira nos ombros dos trabalhadores.

A justificativa para o déficit bilionário de 2024 reside na queda das receitas com encomendas internacionais e no aumento dos custos operacionais, que cresceram R$ 716 milhões, impulsionados principalmente por fatores como o Acordo Coletivo de Trabalho e o reajuste do vale alimentação/refeição – compromissos firmados pela própria empresa. Longe de terem causado a crise, os funcionários agora são chamados a arcar com as consequências, tendo seus salários e condições de trabalho impactados pelas medidas emergenciais propostas pela direção dos Correios.

O plano de recuperação da estatal, além de onerar os empregados, inclui uma revisão da estrutura da sede com corte de cargos comissionados, a extensão do Programa de Desligamento Voluntário (PDV), o estímulo à transferência voluntária e temporária de agentes, o retorno compulsório ao regime presencial (salvo exceções judiciais) e o lançamento de um marketplace em 2025. Paralelamente, a empresa busca um aporte de R$ 3,8 bilhões junto ao NDB, em um contexto de severa redução de sua liquidez financeira, que já resultou em atrasos de pagamentos a parceiros.

Diante de um cenário em que os funcionários não são apontados como responsáveis pela crise, as medidas anunciadas pelos Correios transferem para eles o peso da recuperação financeira da empresa. Enquanto a estatal justifica o prejuízo por fatores externos e aumento de despesas operacionais, a solução proposta exige sacrifícios significativos da sua força de trabalho, gerando questionamentos sobre a equidade na busca pela superação da bilionária crise.

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