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História da Setusa é recontada em TCC por estudante de jornalismo da UFPB

História da Setusa é recontada em TCC por estudante de jornalismo da UFPB

Oito anos. Foi o curto período de existência da empresa estatal de transportes urbanos Setusa, criada por um ex-governador (Tarcísio Burity) e extinta por outro (José Maranhão), cuja frota, nos estertores da agonia de insegurança, chegou a ser recolhida por ordem de um terceiro, interino e presidente do TJPB à época (Antônio Elias de Queiroga).

A sua história foi recontada com rara fidelidade e riqueza de detalhes, muitos deles inéditos, por André Firmino, um jovem e talentoso aluno do Curso de Jornalismo da UFPB, em TCC recém-aprovado, orientado pelo Prof. Dr. Marcelo Rodrigo. O estudo, profundo, de fôlego, rendeu um site, um podcast (Passe Livre Podcast) e um livro sob título digital “Coletivo de Povo é SETUSA”

“Sempre fui muito envolvido com movimento estudantil e luta pelo acesso ao transporte, também sempre gostei de fotografar, fotografei diversos protestos em João Pessoa contra aumento de passagem ou assuntos relacionados. Nesse processo, conversando com meu pai, descobri que o Setusa nasceu exatamente de situações como essa. E mais, meu pai trabalhou na empresa e pôde compartilhar muitas histórias comigo que me interessaram”, lembra.

Segundo ele, o que mais o interessou, foi o fato de o Setusa ter sido uma conquista que uma geração conseguiu e a sua continua tentando algo semelhante, além de ser uma história que marcou a cidade onde mora e que tem muitos fatos que cativam, é uma história que chama a atenção. “Sempre gostei de falar sobre as histórias da nossa cidade e essa é uma delas, porque vejo que isso não é recorrente. É mais comum falar de histórias de fora da cidade e as nossas ficam em segundo plano”, acrescenta.

Causas do fechamento

André começou a pesquisar o assunto em 2021, com várias tentativas de desenvolver produtos relacionados ao assunto, que não tiveram resultado. Mas, foi uma que continuou até que decidir que seria tema do seu TCC, pela forma como ficou marcado na história tanto no sentido de cativar pessoas e uma geração, mas também de sinônimo de luta, que infelizmente teve um fim trágico e de que poderia ter feito muito mais.

“Quando comecei a conversar com pessoas que viveram a época, a imagem passada é de que foi uma empresa que marcou a geração, principalmente de quem era estudante na época, mas que fechou porque era ruim. A conclusão que tenho é de que não devemos pensar da forma, mas sim de que o Setusa foi uma experiência de que é possível fazer mudanças, principalmente a partir da pressão popular. Os motivos para fechar, são, principalmente, negligência governamental e, indiretamente, pressão do setor privado”, constata.

Acidente com filha de ex-prefeito como vítima fatal

Essa questão entrou no sentido de ser um reflexo do sucateamento da empresa, não à toa a empresa fechou três anos depois. A vítima, inclusive, era filha de políticos influentes, no caso, o ex-prefeito de Nova Cruz (RN), Targino Pereira da Costa Neto, que aparentemente, também teria um parentesco distante com o então governador José Maranhão, governador que fechou a empresa.

“A conclusão da sindicância da empresa é de que ocorreu por falta de manutenção dos ônibus. Não foi culpa do motorista, nem da vítima. Tentei ter acesso ao inquérito policial, mas a assessoria da Polícia informou não ter encontrado o arquivo, porém, relatos de ex-funcionários dizem que a família da vítima passou anos recebendo uma indenização”, contextualiza.

Espólio sucateado e CNPJ ativo

E conclui, revelando que as linhas foram terceirizadas para as empresas privadas. As principais, como a 5100 e 1500, estão com a Transnacional. “Relatos dizem que alguns ônibus também foram para esta empresa, mas não encontrei documentos que provam isso. Alguns ônibus também tiveram outros destinos, principalmente escolares, como o caso da cidade de Parnamirim-RN. Atualmente, há duas sucatadas do Setusa no Depósito Judicial do José Américo. A empresa também tem um CNPJ ativo, o motivo eu não sei, mas não funciona. Inclusive, em julho de 2020, houve repasse de recursos financeiros pelo Governo do Estado ao Setusa para ‘encargos de liquidação’”.

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