O ex-ministro da Fazenda e economista paraibano fez um alerta contundente sobre a situação do sistema previdenciário brasileiro, em entrevista que me concedeu. “Eu acho que colapsa antes porque é completamente insustentável e, em algum momento, vai ter que ter reforma”, afirmou, defendendo mudanças profundas e igualitárias no regime de aposentadorias.
Em entrevista exclusiva que me concedeu, Maílson criticou as desigualdades dentro do sistema previdenciário, destacando disparidades de gênero e entre os setores urbano e rural. “Não se justifica que a mulher se aposente com menos tempo de serviço do que os homens, até porque elas vivem mais”, declarou. Ele também questionou o tratamento diferenciado dado ao setor rural, argumentando que a expectativa de vida no campo hoje é até maior do que na cidade e defendeu a unificação as regras da Previdência para garantir justiça e equilíbrio fiscal.
Fim de privilégios e regime sustentável a longo prazo
Segundo o economista, a crise fiscal pode acelerar a conscientização da sociedade sobre a necessidade de mudanças e acredita que, diante do agravamento do quadro, a população poderá se tornar mais favorável a uma reforma ampla e justa. “Provavelmente, a crise pode aguçar a percepção da sociedade sobre a insustentabilidade do atual regime previdenciário e criar um ambiente de apoio social e político a um conjunto de reformas que elimine privilégios e torne a previdência sustentável no longo prazo”.
Sua fala ocorre em um momento em que o Brasil volta a debater o peso da Previdência nas contas públicas e os desafios impostos pelo envelhecimento da população. Para ele, a manutenção de privilégios para determinados grupos apenas prolonga o problema e impede o país de avançar. Para Maílson, não há mais espaço para regimes especiais que desconsiderem as transformações demográficas e sociais em curso.
Aposentadoria
Ao ser questionado sobre sua própria aposentadoria, respondeu com bom humor. “Tenho um plano de trabalhar até os 100 anos e descansar os 15 restantes”, brincou. Apesar do entusiasmo pelo trabalho, ele foi enfático ao descartar qualquer possibilidade de retorno à vida pública: “Já dei minha cota. Nunca vou voltar para o governo”.